A preocupação acerca do meio ambiente atinge todas as áreas da sociedade, e com razão. A construção civil figura como um dos maiores consumidores de matérias-primas naturais, o equivalente a 50% do consumo da sociedade.

Esse fato pode ser aceito como razoável, uma vez que construir é necessário, mas também deve ser analisado criticamente, visto que no Brasil uma pequena parte desse montante é reciclado ou reutilizado.

 

Existe diferença entre reciclar e reutilizar: reciclar é retornar o material ao ciclo novamente, tal qual fazer mais vidros de outros vidros quebrados; já reutilizar é aproveitar o material para outro uso, que pode ou não ser associado ao original – improvisar. O Brasil possui resoluções que regulam o trato dos resíduos, entre elas a já operante Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e as normativas da Comissão Nacional do Meio Ambiente (Conama).

 

Dos diversos tipos de materiais definidos, apenas as classes A e B podem ser reaproveitadas. O mais comum é que todo o resquício de material seja recolhido por caminhões e vá para um ponto de despejo distante da obra. Esse procedimento não é amigável para o meio ambiente, causa transtornos logísticos dependendo da localização da obra e é malvisto pela sociedade. Entretanto, existem alternativas caso a empreiteira ou construtora esteja disposta a investir. Há no mercado equipamentos como tesouras hidráulicas e conchas trituradoras que podem ser levados até a obra e realizar a quebra de materiais de classe A por exemplo, tornando-os reaproveitáveis.

 

Contudo, o produto dessa reciclagem in loco, mesmo tendo que obedecer a um controle de qualidade, não deve ser utilizado como componente estrutural. Caso a empresa não queira reaproveitar o material, ainda pode ser vantajoso vendê-lo.

Resíduos da Classe B são os mais propensos à reutilização. Madeira e plásticos (não os termoplásticos, que são recicláveis e melhor aproveitados dessa forma) podem ser utilizados para alimentação de fornos. Os demais materiais dessa classe podem ser cedidos para pequenos catadores.  Quanto ao gesso, este não pode ser descartado de qualquer maneira, pois libera íons que alteram a alcalinidade do solo e contaminam lençóis freáticos. Há diversas pesquisas em andamento que propõem a utilização do gesso como elemento de mistura em revestimentos, na produção de cimento, placas de cobertura e como combustível de fornos em cimenteiras.

 

Os grandes problemas da sustentabilidade são os materiais da classe C e D. A resolução da Conama não traz exemplos de resíduos de classe C, apenas diz que devem ser separados dos demais e encaminhados às ATT (Áreas de Transbordo e Triagem).

 

Para  tintas, solventes e óleos, uma atenção deve ser dada ao armazenamento antes e depois de seu uso. A Abrafati (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas) possui diversos manuais e cartilhas de orientação com dicas úteis sobre o correto descarte de embalagens de tinta vazias e sua correta lavação.

 

É essencial que nas obras haja um plano de gerenciamento de resíduos e que a equipe esteja conscientizada da sua importância.

Há uma ordem de prioridade que é bem difundida quando se fala em sustentabilidade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final adequada. Seguindo esses passos pode-se esperar não apenas retorno financeiro, mas também um senso de dever cumprido com o meio-ambiente e com a sociedade.

 

Fonte: Blog da Obra

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