Os andaimes apesar de virem sendo usados há mais de 5000 anos, no Brasil ainda causam a morte de milhares de trabalhadores todos os anos e entre as causas destas mortes destaco a falta de normas técnicas de fabricação destes produtos no Brasil.
No Brasil temos para uso de andaimes as normas regulamentadoras – NRs (NR-18 e outras) de segurança do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT a NBR- 6494/90 – Segurança nos andaimes.
Entretanto, apesar delas fazerem algumas exigências sobre fabricação não são especificas para tal.
Na Europa, 22 países se reuniram em um comitê técnico e elaboraram em 2003 normas técnicas que especificam os requisitos para os fabricantes de andaimes, as avaliações e as certificações de conformidade.
A aplicação destas normas resultou nos andaimes inteligentes, atualmente oferecidos por fabricantes da Europa, bastante seguros. Estas normas foram designadas de EN -12810 1/2 e EN – 12811 – 1,2 e 3.
O projeto estrutural e avaliação são elaborados pelo fabricante do andaime de acordo com as normas técnicas das demais áreas de engenharia envolvidas na sua confecção, mas tem que levar em consideração os requisitos desta norma no seu produto. Estas normas estabelecem os padrões para andaimes de fachada feitos de componentes pré-fabricados e de equipamentos de trabalho temporário.
O uso de normas técnicas torna a oferta de produtos e serviços competitivos, seguros, eficientes, eficazes para as empresas como para os consumidores.
Seguir uma norma técnica implica em atender as especificações que foram analisadas e ensaiadas por especialistas. Isto significa menos gasto de tempo e dinheiro com produtos que não tenham a qualidade e desempenho desejáveis.
Enfim, estar em conformidade com as normas pode poupar tempo, esforço e despesas, lhe dando a tranquilidade de estar de acordo com suas responsabilidades legais. As normas europeias estabelecem um conjunto padrão de configurações de sistemas de andaimes (até 25 m de altura) que não requerem cálculos específicos. Além desta altura são necessários estudos e cálculos adicionais.
Na parte 1 desta EN – 12810 – 1: 2003 estão especificados os requisitos de execução e as exigências gerais para o projeto e a avaliação dos sistemas de andaimes de fachada pré-fabricados. Os andaimes de fachada devem estar conectados (ancorados) a fachada do edifício com parafusos (chumbadores).
Nesta especificação dos produtos de um sistema de andaimes também estão definidos os termos e definições; a designação; os materiais e seus requisitos; documentos de inspeção; conjunto padrão das configurações dos sistemas; sapatas; plataformas; conexões e componentes auxiliares; requisitos do projeto estrutural (ações, resistências, rigidez, aplicação das cargas de vento); testes de queda para as plataformas; durabilidade; testes de vibração; deflexões; manuais do produto; identificações; avaliações e métodos típicos de contraventamento.
Os sistemas de andaimes são por ela classificados por seis critérios, a saber: 1- carga de serviço, 2- plataformas e seus suportes (com ou sem carga de queda), 3- largura do sistema, 4- altura da plataforma, 5- revestimentos e 6- método de acesso vertical.
Os sistemas de andaimes de fachada são limitados nestas normas pelo uso de aço, de ligas de alumínio e de madeira de qualidade. Ela define o conjunto de padrões das configurações do sistema sob os quais o projeto estrutural é conduzido.
Estas normas europeias não especificam os requisitos para proteções e não dão informações a respeito da montagem, uso, desmontagem ou manutenção dos andaimes que são fornecidas pelos fabricantes.
Na parte 2 da EN – 12810-2:2003 está definido as regras para análise e projeto estrutural destes sistemas de andaimes através de cálculo e de testes. Os requisitos básicos estão dados na norma ENV 1993-1-1:1992, Eurocode 3 –Part 1: Design of steel structures – Section 1. No projeto estrutural ela apresenta os estágios do projeto estrutural para sistemas de andaimes modulares e de quadro e somente para andaimes de quadro; modelos para análise estrutural, testes das configurações e dispositivos de conexão e demais testes que permitem a validação do modelo estrutural escolhido.
Texto: José de Miranda Ramos Filho , engenheiro mecânico.